A doutrina de Deus.
A doutrina de Deus é o assunto principal da teologia e, é também chamado de teologia própria.
A Revelação de Deus.
Revelação significa desvendar aquilo que esta encoberto, tornar conhecido o que estava oculto.
Na teologia revelação é a manifestação que Deus faz de Si mesmo e de Seus propósitos ao ser humano, fazendo lhes conhecer Sua vontade.
Para que haja revelação deve haver compreensão, pois se não houve compreensão a revelação não se concretizou.
Somente a Revelação que o próprio Deus faz de Si mesmo possibilita o homem de conhecê-lO.
A existência de Deus.
A crença na existência de Deus é primordial para teologia. Quem Ele é, como É e quais as Suas qualidades são perguntas fundamentais para o desenvolvimento da fé cristã. É preciso considerar os fundamentos desta crença que são fundamentados na crença em Deus, em suas obras, na natureza e em suas escrituras.
A Crença Como Fenômeno Universal.
A crença na existência de uma divindade é universal. A crença em Deus é de natureza intuitiva e racional. Não depende da tradição dos pais nem se adquire em escolas. Ela vem da alma e se desenvolve através da reflexão, observação e experiências. Qualquer um, em qualquer lugar, tempo ou cultura pode manifestar a sua crença em um ser Supremo e Soberano.
Argumentos Racionais da Existência de Deus.
Os principais argumentos são cinco, sendo dois baseados na natureza humana, dois na natureza e um na História.
Argumentos baseados na Natureza do Universo.
Argumento Cosmológico.Argumento desenvolvido por Tomás de Aquino. Tem recebido muitas críticas e, embora possua respaldo bíblico não justifica suficientemente a ideia Cristã de que Deus se revelou na história para salvar o homem. O argumento cosmológico diz: Tudo quanto existe possui uma causa adequada e suficiente. Essa causa tem que ser infinitamente grande, inteligente e Poderoso. Essa causa é Deus. Para muitos o argumento cosmológico é valido e, embora haja respaldo bíblico no que diz respeito às coisas criadas por Deus(Sl19.1-6; Sl 139.14; Rm1.20; Mt6.26-30) fica em falta no que diz respeito a Revelação de Deus na história para salvar o homem.
Argumento Teológico.
Argumento baseado no fato de que o universo revela organização, ordem, Harmonia, propósito... indicando que quem o fez o teria planejado com inteligência para um fim próprio. Ao olhar o mundo entende-se que este não pode ser resultado do acaso. Somente uma mente divina, grande em poder e sabedoria poderia ter dado origem a todas as coisas, havendo também um propósito especifico (Pv 16.4)
Argumentos baseados na Natureza Humana.
Argumento Ontológico: Argumento baseado na ideia que o homem tem da existência de um ser perfeito absolutamente superior e inferior criado por Anselmo (1033-1109). Este argumento é criticado mais atraído por filósofos e cristãos. Seu argumento é de que o homem tem a idéia da existência de um ser absolutamente perfeito, superior e infinito. Que o mesmo tem percepções do mundo objetivo, subjetivo e espiritual. É baseado em ideias abstratas que vem a mente humana.
Argumento Moral.
Argumento baseado na natureza moral do homem onde diz que o ser humano sabe exatamente o que é certou ou errado e tem como imperativo categórico sua consciência que o obriga a fazer o que é certo, sem desculpas.
Essa natureza moral do ser humano Indica a existência de um ser soberano que exige obediência e que é poderoso e perfeito para transformar Ideais de justiça em realidade uma vez que o bem e o mal não são proporcionalmente retribuir.
Argumento Histórico.
Este último argumento baseia-se em fatos da história. A prática comum de todos os povos e tribos da terra de cultuar divindades demonstrando assim o desejo que o homem tem de relacionamento. Em todas as culturas na Terra vemos o desejo do homem de se relacionar com Deus.
Nota se fatos da história de Israel que são explicados e aceitos como atos poderosos de Deus.
A existência de Deus na Bíblia.
O objetivo dos escritores bíblicos não foi provar existência de Deus e sim, narrar as ações redentora de Deus na história da humanidade, uma vez que a bíblia começa com Deus já existindo e criando tudo. (Gn 1. 1). Os escritores bíblicos apenas narraram a história de como o ser humano se rebelou contra Deus e como Deus fez para redimi-los. A bíblia revela as ações, propósitos e atributos de Deus suscitando fé, dando sabedoria e instrução àqueles que ouvem sua mensagem. Ela é a fonte primordial do conhecimento de Deus.
Posições divergentes sobre a existência de Deus.
Embora a existência de Deus seja evidenciada na natureza, na consciência humana e testemunhada nas escrituras, há quem se posicione negando e distorcendo ideias acerca de Deus.
Segue abaixo quatro dessas posições:
Ateísmo.
Ateu- Individuo que nega a existência de Deus.
O ateu não nasce ateu. Estes também tiveram alguma percepção intuitiva e racional da divindade porém por motivos externos e internos houve um afastamento da sua percepção. Alguns inclinados a uma “vida de liberdade” “sem Deus”, outros influenciados por fatores oriundos do seu meio social decidiram pelo ateísmo.
Há dois tipos de ateu: Os ateus práticos que negam a existência de Deus por conveniência própria. Sem nenhuma teoria, apenas querem pensar que Deus não existe. E os Ateus Teóricos: Estes negam a existência de Deus por convencimento racional. Possuem argumentos falhos.
Materialismo.
O materialista nega realidade do Espírito pois acredita que tudo é matéria ou alguma manifestação dela. Para estes fenomenos mentais ou espirituais sao como propriedades e funções da matéria. Negam a existência de Deus, diabo, anjos, céu, inferno ou imortalidade. O materialista é um ateu, porém materialista.
Panteísmo.
Embora a bíblia faça clara a diferença entre Deus e a natureza o panteista nega existência de um ser distinto da natureza. Para eles, Deus é a natureza. Deus é tudo! Tudo é Deus! Não há um Deus pessoal nem revelação especial. O panteísmo é uma forma de ateísmo.
Agnosticismo.
O agnóstico não nega que haja uma realidade divina mas disse que não podemos saber nada seu respeito, ou seja, no agnosticismo não há afirmação de que Deus existe ou não. Este argumento é falho pois a Bíblia diz que fomos feitos a imagem de Deus o que nos dá respaldo para acreditar que somos capazes de conhecer as manifestações dEle e de andar em comunhão com Ele.
Elementos da natureza essencial de Deus.
O pensamento predominante é de que o homem não pode compreender a Essência Divina e, para alguns teólogos do primeiro século a revelação que Deus deu de Si mesmo não o torna compreensível.
Agostinho disse que Deus é inefável. Ninguém pode descreve-lO porque Ele é incompreensível.
Os reformadores e seus sucessores também falavam da Essência de Deus como incompreensível, embora não excluir sem todo o conhecimento dela.
Os teólogos calvinistas e os luteranos acreditavam que Deus não pode ser captado pela mente humana, nem definido pois, está acima da nossa compreensão e imaginação e linguagem.
A opinião da Igreja durante a idade média e no tempo da reforma era de que Deus era "Incompreensível" e é óbvio que a nossa mente humana realmente não consegue compreender plenamente (Sl145.3).
Mais ainda que o finito não possa compreender o infinito, mediante a revelação podemos saber alguma coisa da natureza divina.
Transcendência e Iminência de Deus.
A transcendência e Imanência de Deus diz respeito a relação do ser de Deus com universo.
Transcendência.
A transcendência nos mostra que Deus não está limitado pela criação. Ele criou todas as coisas e não precisou delas para existir porque Ele é antes de tudo. Ele chamou o mundo a existência com o poder da palavra. Ele age nos céus e na Terra e não há quem lhe diga o que fazer. Ainda que nossas doutrinas sejam corretas, Deus não pode ser definido por nossos conceitos. Seu poder e grandeza são inigualável. Somos limitados, seres criados. Mas Deus é infinito. Há um abismo entre nós e Deus de ordem moral, espiritual e metafísica com raízes em nossa criação. Depois de rendimentos seremos criaturas humanas. Mas Ele sempre será Deus.
Imanência.
Além de transcendente, Deus também é Iminente. Ou seja está presente e ativo na vida das pessoas. Sua presença é encontrada em toda natureza pois esta fora criada por Ele. Sua influencia é encontrada em toda parte. Ele está acima de toda criação e ainda assim se relaciona com suas criaturas.
Os Atributos de Deus.
Os atributos de Deus são características ou qualidades inseparáveis, atribuídas a Deus. Dadas a Deus em condições especiais pois seus atributos coincidem com seu Ser. Há várias maneiras de classificar os Atributos de Deus, nenhuma é perfeita. Tais atributos revelam a essência divina.
Classificação dos atributos de Deus.
Há várias maneiras de classificar os atributos de Deus mas nenhuma é perfeita. Veja a seguir os três modos mais comuns de classificação:
Absolutos ou Relativos.
Segundo Strong, os Atributos Absolutos (ou Imanentes) sao qualidades que pertencem ao Ser Divino em si mesmo: autoestima, eternidade...
Atributos relativos (ou Transitivo). são qualidades relacionadas com a criação: Onipresença, Onisciência e outros.
A teologia reformada divide os atributos em:
Incomunicáveis: São aqueles que Deus não partilha conosco: Eternidade, Imutabilidade, Onipresença, etc.
Comunicáveis: Aqueles que Deus partilha conosco: Amor, Conhecimento, misericórdia, etc.
Segundo A.B Langston, Henry C. Thiessen e outros os atributos podem ser classificados em:
Naturais: Que não tem caráter moral. Alto existência, Eternidade, Onipresença, Onisciência, Onipotência, Espiritualidade,Imutabilidade, Unidade,etc.
Morais: Que possuem natureza moral: bondade, santidade,justiça, verdade. Os atributos Morais refletem o carater de Deus e o tipo de cartes que Ele está formando em seus filhos, por meio de Cristo.
FONTE: MANUAL BÍBLICO DE TEOLOGIA SISTEMÁTICA.